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O problemático cânon católico




Nesse artigo nosso foco é falar sobre o cânon bíblico, mas um que seria um cânon? De forma simples poderíamos dizer que “cânon” é o conjunto dos livros que são aceitos como inspirados.
o cânon utilizado pelos protestantes contem 66 livros não sua formação, já o cânon católico contém os 66 livros que os protestantes tem em sua Bíblia e um acréscimo de mais  sete livros, ainda existem  outros tipos de cânon pouco conhecidos um exemplo  trata-se do cânon da igreja ortodoxa grega , sobre este último não abordaremos nesse artigo sendo que o cânon católico seja o nosso foco.

A questão que fica é qual é o cânon mais correto se afirmamos que é o cânon protestante isso significa que o cânon católico acrescentou mais livros que não foram inspirados, mas se os católicos estiverem certos então os protestantes excluíram livros inspirados.
Sabemos que a Bíblia não surgiu pronta como a temos hoje , teve muito tempo na sua composição para chegarmos a uma conclusão sobre o tema devemos buscar as evidencias para ver em qual sentido elas apontam, e quando se analisa a questão percebe-se que o cânon católico é muito problemático e tem pouquíssimo apoio das evidencias , os sete livros que a igreja católica utiliza em sua Bíblia não eram tido como inspirados pelos judeus e são reconhecidos pela maioria dos estudiosos como livros apócrifos (existem vários livros apócrifos tanto do AT como do NT mas nesse artigo tratarei apenas dos que se encontram na bíblia católica) para iniciar podemos citar uma fonte muito antiga
 Flávio Josefo historiador judeu do 1° Séc. sobre o cânon que era aceito pelos judeus do 1 séc. diz
“Não temos dezenas de milhares de livros, em desarmonia e conflitos, mas só vinte e dois (os mesmos 39 da Bíblia cristã versão protestante), contendo o registro de toda a história, que, conforme se crê com justiça, são divinos”

nessa citação ele confirma o cânon que é aceito pelos protestantes

De acordo com o talmude os livros inspirados do antigo testamento terminaram em Malaquias, vejamos a citação talmúdica que diz:
“Depois dos últimos profetas, Ageu, Zacarias e Malaquias, o Espírito Santo apartou-se de Israel”
 Provavelmente o cânon teve seu encerramento por volta de 400 a.C. o interessante e que ambas as fontes tanto Josefo como a Literatura Judaica o Talmude confirma o cânon de 39 livros no antigo testamento.
Lembrando que Romanos 3:2 traz a seguinte afirmação:
“Principalmente porque aos judeus foram confiados os oráculos de Deus”. NAA
Na NVI diz “Principalmente porque aos judeus foram confiadas as palavras de Deus.”
Eusebio de cesareia historiador cristão do 3° sec., também cita os mesmos livros que Josefo com uma diferença apenas inclui a epistola de jeremias.

   Um outro argumento utilizado pelos apologistas católicos para defender seu cânon é afirmar que ele é baseado na septuaginta(tradução do AT do hebraico para o grego feita pelos judeus que data de período anterior ao 1 século) mas esse argumento também é errado e apresenta problemas , primeiramente deve se levar em consideração que o cânon judaico tem seu lugar  na palestina e não em Alexandria no Egito (local de produção da LXX septuaginta) e sobre isso afirma  Norman Geisler em seu livro , Introdução Bíblica:
“O grande centro grego do saber, no Egito, não tinha autoridade para saber com precisão que livros pertenciam ao Antigo Testamento judaico. Alexandria era o lugar da tradução, não da
canonização. O fato de a Septuaginta conter os apócrifos apenas comprova
que os judeus alexandrinos traduziram os demais livros religiosos judaicos
do período intertestamentário ao lado dos livros canônicos”

sendo uma tradução do texto hebraico provavelmente a septuaginta não continha os apócrifos que devem ter sido acrescentados posteriormente nas copias do seu texto, e é interessante notar que mesmo Filo representante do judaísmo alexandrino   nunca citou os apócrifos.


Além de josefo muitos outros como o Bispo de Sardes, Orígenes, o erudito do Egito, Tertuliano, Atanásio, Melito e Jerônimo confirmaram o cânon seguido pelos protestantes
E Sobre Jerônimo que traduziu a Vulgata com os apócrifos embora considera-se os apócrifos uteis não os tinha como canônicos, vejamos um que Jeronimo disse:
"E então no total há 22 livros da Lei antiga [conforme as letras do alfabeto judaico], isto é, 5 de Moisés, 8 dos Profetas e 9 hagiógrafos. Apesar de alguns incluírem [...] Rute e Lamentações no hagiógrafo, e acharem que esses livros devem ser contados (separadamente) e que há então 24 livros da antiga Lei, aos quais Apocalipse de João representa por meio do número de 24 anciãos [...] Esse prólogo pode servir perfeitamente como elmo (i.e., equipado com elmo, contra atacantes) de introdução a todos os livros bíblicos que traduzimos do hebraico para o latim,  para que saibamos que os que não estão incluídos nesses devem ser incluídos nos apócrifos "
E sobre as adições apócrifas do Livro de Daniel ele também afirmou:
“As histórias de Susana e de Bel e o Dragão não estão contidas no hebraico [...] Por isso, quando traduzia Daniel muitos anos atrás, anotei essas visões com um símbolo crítico, demonstrando que não estavam incluídas no hebraico [...] Afinal, Orígenes, Eusébio e Apolinário e outros clérigos e mestres distintos da Grécia reconhecem que, como eu disse, essas visões não se encontram no hebraico, e portanto não são obrigados a refutar Porfírio quanto a essas porções que não exibem autoridade de Escrituras Sagradas”
Versões antigas como a Peshita, não citam os livros apócrifos
E sobre essa questão vale observar que a maioria dos teólogos, bispos e cardeais durante o período medieval seguiram jerônimo na sua compressão sobre o cânon.
Para finalizar é bom lembrar que Jesus e os apóstolos nunca questionaram o cânon hebraico de sua época e nunca fizeram uma citação dos apócrifos que se encontram no chamado cânon católico.
Existem muito mais evidencias em favor do cânon protestante mais creio que essas já sejam necessárias para concluir a questão.

Autor: Wesley Renilson


Referencia bibliográfica
Merece confiança o Antigo Testamento, Gleason L. Archer pág. 74,75
Introdução Bíblica, Como a Bíblia Chegou Até Nos por Norman Geisler e William Nix, pág. 86,97
Talmude Babilônico, Yomah 9b repetido em Sota 48b, Sanhedrín 11 a, e Midrash Rabbah sobre o Cântico dos Cânticos, 8.9.3

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